Vira na volta regresso ao meu blog. Desta vez a propósito da pretensa manifestação contra os políticos que está a ser convocada através das redes sociais, nomeadamente do facebook.
Declaro desde já que acho no mínimo bizarra esta ideia. Há menos de um mês os portugueses foram chamados a eleger um Presidente da República. Mais de metade pereferiu não mexer o cú de casa e perder 30 minutos do seu precioso tempo em frente à TV a ir depositar na urna o seu desejo expresso, o seu mandato pessoal, a quem nos iria governar. E não foi por falta de alternativas. Havia candidatos para todos os gostos! Não houve foi espírito cidadão para ir votar.
O que não espanta, tanto e tão despudoradamente se tem investido no estiolar da cidadania, com orgãos de comunicação e analistas e "paineleiros" à frente, esforçando-se por elevar a "opinião pública" o que não passa de "opinião publicada".
E agora, a reboque das manifestações no norte de África, onde os povos não poderiam manifestar-se de outra forma já que não vivem em democracia, não têm eleições livres nem direito de expressão, surgem uns "anónimos" a convocarem uma manifestação "contra os políticos"...
Em primeiro lugar devo dizer que no mínimo é de desconfiar de quem pretende começar uma carreira de político em luta contra os políticos.
Depois desconfio de anónimos. Em democracia as pessoas dão a cara. Pelo menos aqueles que a têm, o que parece não ser o caso.
Acresce que considero que o populismo não é mais que o escadote que eleva os ditadores ao poder.
E que se há coisa que me tira do sério é o oportunismo descabelado daqueles que não tendo votado se arrogam o direito de questionar as escolhas de quem cumpriu o seu dever cívico. Numa linguagem clubística (aparentemente a única que muitos deles perceberão), é o mesmo que, sem pagar as quotas do clube querer arrogar-se o direito de votar para a eleição do Pesidente, ou até candidatar-se a Presidente do clube!
Sócrates, Cavaco, Passos Coelho, Portas, Louçã, Jerónimo, etc, podem não ser os melhores políticos mas não tomaram o poder dos seus cargos ou dos seus partidos. Foram para eles eleitos. Estão legitimados!
Não votei em Cavaco. Mas desde dia 23 ele é o meu Presidente da República, até novas eleições e não questiono a sua legitimidade.
Quem não gosta, que crie outros partidos, ou lute dentro dos que existem. Mas que vá a votos, que se sujeite a um sufrágio real e não apenas o dos decibeis de uma manifestação, o da vozearia de uma turbamulta que, mesmo numerosa, não representará senão uma ínfima minoria do povo português.
Quer-se mesmo saber o que pensa o povo? Torne-se obrigatória a participação nos actos eleitorais. Não é um dever cívico pagar os impostos? Não era um dever cívico cumprir o serviço militar obrigatório? Onde está a violência de se obrigar um cidadão a exprimir a sua vontade? Não é sequer obrigado a votar em ninguém. Pode votar em branco, ou nulo. Mas DEVE votar!
Deixem-se os comentadores, analistas e outros artistas, de tretas. A nossa abstenção não revela descontentamento, revela laxismo, comodismo, preguiça!
Bastava passarem o dia das eleições para um dia de semana com dispensa de meio dia para quem apresentasse o comprovativo de ter votado para ver como a abstenção diminuia a pique!
E a prova de que a abstenção não é um cartão amarelo aos políticos é o facto de até quando somos chamados a pronunciarmo-nos sobre aspectos que resultam das mais profundas das nossas convicções íntimas e em que até os políticos estão divididos, a maioria dos portugueses declina essa responsabilidade. Veja-se o caso dos Referendos que nunca conseguiram 50% de votos. A abstenção é, isso sim, um cartão amarelo à cidadania. E a situação não se resolve com "uma invasão de campo".
Salazar só governou 48 anos porque a maioria dos portugueses sentia-se confortável a não ter de pensar nem decidir. O Botas fazia-o por eles.
E no fundo o 28 de Maio começou por ser um pronunciamento contra os políticos.
Por isso não vou e apelo a todos para não irem a esta nova versão da "Maioria Silenciosa" que agora se mascara de "Maioria Barulhenta".
E deixo uma pergunta incómoda: Por que razão a manifestação é contra os políticos e não contra quem de facto nos colocou na crise em que estamos, os banqueiros e os especuladores? Ou será que esses também vão estar na manifestação? Ou por detrás dela?
O que não espanta, tanto e tão despudoradamente se tem investido no estiolar da cidadania, com orgãos de comunicação e analistas e "paineleiros" à frente, esforçando-se por elevar a "opinião pública" o que não passa de "opinião publicada".
E agora, a reboque das manifestações no norte de África, onde os povos não poderiam manifestar-se de outra forma já que não vivem em democracia, não têm eleições livres nem direito de expressão, surgem uns "anónimos" a convocarem uma manifestação "contra os políticos"...
Em primeiro lugar devo dizer que no mínimo é de desconfiar de quem pretende começar uma carreira de político em luta contra os políticos.
Depois desconfio de anónimos. Em democracia as pessoas dão a cara. Pelo menos aqueles que a têm, o que parece não ser o caso.
Acresce que considero que o populismo não é mais que o escadote que eleva os ditadores ao poder.
E que se há coisa que me tira do sério é o oportunismo descabelado daqueles que não tendo votado se arrogam o direito de questionar as escolhas de quem cumpriu o seu dever cívico. Numa linguagem clubística (aparentemente a única que muitos deles perceberão), é o mesmo que, sem pagar as quotas do clube querer arrogar-se o direito de votar para a eleição do Pesidente, ou até candidatar-se a Presidente do clube!
Sócrates, Cavaco, Passos Coelho, Portas, Louçã, Jerónimo, etc, podem não ser os melhores políticos mas não tomaram o poder dos seus cargos ou dos seus partidos. Foram para eles eleitos. Estão legitimados!
Não votei em Cavaco. Mas desde dia 23 ele é o meu Presidente da República, até novas eleições e não questiono a sua legitimidade.
Quem não gosta, que crie outros partidos, ou lute dentro dos que existem. Mas que vá a votos, que se sujeite a um sufrágio real e não apenas o dos decibeis de uma manifestação, o da vozearia de uma turbamulta que, mesmo numerosa, não representará senão uma ínfima minoria do povo português.
Quer-se mesmo saber o que pensa o povo? Torne-se obrigatória a participação nos actos eleitorais. Não é um dever cívico pagar os impostos? Não era um dever cívico cumprir o serviço militar obrigatório? Onde está a violência de se obrigar um cidadão a exprimir a sua vontade? Não é sequer obrigado a votar em ninguém. Pode votar em branco, ou nulo. Mas DEVE votar!
Deixem-se os comentadores, analistas e outros artistas, de tretas. A nossa abstenção não revela descontentamento, revela laxismo, comodismo, preguiça!
Bastava passarem o dia das eleições para um dia de semana com dispensa de meio dia para quem apresentasse o comprovativo de ter votado para ver como a abstenção diminuia a pique!
E a prova de que a abstenção não é um cartão amarelo aos políticos é o facto de até quando somos chamados a pronunciarmo-nos sobre aspectos que resultam das mais profundas das nossas convicções íntimas e em que até os políticos estão divididos, a maioria dos portugueses declina essa responsabilidade. Veja-se o caso dos Referendos que nunca conseguiram 50% de votos. A abstenção é, isso sim, um cartão amarelo à cidadania. E a situação não se resolve com "uma invasão de campo".
Salazar só governou 48 anos porque a maioria dos portugueses sentia-se confortável a não ter de pensar nem decidir. O Botas fazia-o por eles.
E no fundo o 28 de Maio começou por ser um pronunciamento contra os políticos.
Por isso não vou e apelo a todos para não irem a esta nova versão da "Maioria Silenciosa" que agora se mascara de "Maioria Barulhenta".
E deixo uma pergunta incómoda: Por que razão a manifestação é contra os políticos e não contra quem de facto nos colocou na crise em que estamos, os banqueiros e os especuladores? Ou será que esses também vão estar na manifestação? Ou por detrás dela?
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