Um amigo que muito prezo, escrevia recentemente no rescaldo das autárquicas, que a vitória de António Costa em Lisboa se devia, em grande medida, à decisão do PCP apelar internamente ao voto em António Costa. Nessa lógica chegava mesmo a sugerir que o PS deveria atribuir a presidência da AML à CDU.
Respeito a sua opinião, mas parece-me uma ideia no mínimo bizarra e que esquece a real natureza do PCP.
E não é por acaso que Santana Lopes também lançou essa atoarda na noite eleitoral.
Penso que não se pode confundir a atitude de muitos militantes comunistas com a direcção do PCP.
Entre os comunistas há muita gente genuina e generosamente de esquerda. Mas a direcção do PCP não o é!
Não gosto do epíteto, até porque me faz lembrar slogans do MRPP, mas a direcção do PCP é social-fascista.
Por vontade do PCP não haveria democracia parlamentar em Portugal. E fez tudo o que estava ao seu alcance para o impedir. Desde o cerco à Assembleia da República, sede da democracia parlamentar, até ao golpe de estado puro e duro.Pode ser considerado de esquerda um partido que assuma este comportamento?
Para os democratas, para a esquerda, o homem, os cidadãos, estão acima de tudo. Para o PCP o homem não conta. Apenas os desígnios do colectivo, leia-se da clique dirigente, contam.
E para o PCP o PS foi, é, e continuará a ser, o inimigo principal. Porque, como partido de esquerda, mesmo com erros e decisões por vezes infelizes, representa o que o PCP mais teme: uma esquerda moderna, com preocupações sociais, que equilibrou a segurança social, que salvou o Serviço Nacional de Saúde, que criou o tão atacado Rendimento Mínimo, que garante as liberdades, e tantas outras coisas
O PCP felizmente nunca esteve verdadeiramente no poder em Portugal. Teria sido um MPLA à europeia, ou um Pol Pot. Nem sequer um Chavez porque, tal como Salazar temia o lado populista do fascismo de Mussolini, também o PCP de Cunhal, Carvalhas, Jerónimo ou quem lhes suceder, teme o lado populista de ditaduras como a de Chavez ou Fidel. O seu modelo, e Bernardino Soares já o disse, é mais o modelo Coreia do Norte.
E é com este modelo que o PS deveria coligar-se? E entregar-lhe uma liderança como a da AML?
E a CGTP? Sugiro que se contem as greves organizadas pela CGTP em governos do PS e as greves organizadas pela CGTP em governos do PSD...
Verão como a CGTP sai à rua e promove paralizações 3 vezes mais em governos do PS que em governos do PSD.
É que a CGTP não é só o Carvalho da Silva! É também o insuportável Nogueira, o Arménio Carlos, o Amável Alves, ainda o Dinis que liderou o cerco à Assembleia da República...
São os que atiram os trabalhadores para becos sem saída, fiéis ao princípio do "quanto pior, melhor!" E ao pé desses, o Carvalho da Silva é quase um modelo de democrata... e que já percebeu que o seu futuro, se calhar, não passa pelo PCP. O sonho que em tempos acalentou de vir a liderar o PCP está agora totalmente estilhaçado, com a emergência de novos títeres como o Mário Nogueira...
Talvez Carvalho da Silva comece agora a equacionar coisas como uma hipotética candidatura a Belém daqui a vários anos... e para isso há que descolar do PCP. E para isso há que começar a apoiar, desde já, o PS. E até acredito que seja uma evolução genuína. Mas não é o PCP, c'os diabos!
António Costa ganhou APESAR do PCP e não graças ao PCP.
O que há a fazer não é recompensar a nomenklatura do PCP com lugares que não conquistou. É sim governar Lisboa com uma política de esquerda, que prove a todos quantos votaram António Costa que tomaram a decisão correcta, que seja capaz de federar esses votos em torno do PS, contribuindo para solidificar as opções verdadeiramente de esquerda do PS e para isolar os gerontes e dirigentes comunistas.
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